maternidade
ma.ter.ni.da.demɐtərniˈdad(ə)
nome feminino
1. qualidade
ou estado de mãe
2. estado de
gravidez; gestação
3. relação
afetiva entre mãe e filho(s)
4. DIREITO
vínculo jurídico que existe entre a mãe e o filho
5. estabelecimento
hospitalar, público ou privado, ou parte desse estabelecimento em que é feito o
acompanhamento de mulheres grávidas e em trabalho de parto
6. RELIGIÃO
tratamento dado às religiosas que têm o título de madres
Quando conto que tenho um blog perguntam-me de imediato:
Sobre quê?
Antes de responder faço questão de explicar que não sou
blogger, conto a razão pela qual o blog nasceu e refiro que tenho a certeza que
se a gravidez do V. tivesse sido “normal” este blog não existia, e acabo por
responder: Ao contrário do que esperas
este não é para mim um blog de maternidade! e concluo dizendo que este é
sim, um blog sobre mim, sobre nós, para mim e para eles.
Lembro-me de no primeiro post deste blog a minha amiga I.
ter comentado: “Matarei, por esta via, a
minha sede da tua ciência tão valiosa e que sempre me apazigua o espirito no
que respeita à L.. E irei, seguramente, deleitar-me com cada pedacinho da tua
partilha!”
A realidade é que a minha ciência não é assim tão valiosa, assumir que isto é um blog de maternidade aliado
à enorme responsabilidade estaria também uma ponta de pretensiosismo, pois a
minha maternidade resulta de conhecimento empírico e não de horas de estudo ou
leitura para que eu possa opinar sobre o que é melhor ou pior, porque isto da
maternidade tem muito que se lhe diga, porque o que é para mim não é para ti,
porque eu faço e tu não fazes, porque o que serve para mim pode não servir para
ti, porque as minhas escolhas não são as tuas, mas basicamente, porque eu não
sou a Mãe que tu és e eu não tenho os filhos que tu tens.
A minha maternidade é uma maternidade simples, não vivo
obcecada com a opção pela amamentação em exclusivo ou pela opção pelo LA, não
defende o uso de fraldas descartáveis ou fraldas orgânicas, não habita a
polémica da pratica ou não pratica do co-slepping, a minha maternidade
adapta-se às necessidades e gostos de cada filho.
A minha Maternidade, não são só alegrias, mas não são só
tristezas, não é um sentimento único e imutável, mas é indescritível, tento ser
e fazer o melhor que consigo e não julgar os que fazem ou sentem diferente.
A minha maternidade não é o que se vê nos filmes, a
minha maternidade todos os dias me esfrega na cara que tenho que continuar haja
o que houver, porque isto não é um round trip ticket, e por isso às vezes dá
medo mas também me estimula, e não, não é só amor, tento sempre aceitar as
emoções e os sentimentos, sejam eles quais forem, sem negação, sem julgamento,
sem culpa, assumindo que às vezes estou triste, cansada, tenho medo, sem nunca
gostar menos deles por isso.
Na maternidade tende-se a ter medo de assumir outros
sentimentos, porque a sociedade nos convenceu que na Maternidade só o amor pode
existir sem dar lugar a outros sentimentos, mas não há nada de errado quando me
irrito, estou cansada e sem paciência, não sou menos Mãe ou pior Mãe por isso. Não sou uma Mãe que está por trás de uma tela de cinema, eu falho, erro e
fracasso, mas pelo meio, tento, de forma
serena, superar os erros e falhas, não com o objectivo da perfeição, mas com o
mesmo objectivo da lagarta que vira borboleta, uma metamorfose materna sempre
em busca do meu melhor.
A minha maternidade não é igual à tua, nem igual à de
ninguém, aceito a minha, aceita a tua, sem procura de modelos ou padrões.
Assumir o que somos e como somos, até na maternidade.
❤️❤️❤️❤️