Adorava poder dizer que sou a Mãe que não grita.
Sou uma Mãe que grita, que grita mais do que gostaria e mais do que seria esperado.
Grito quando todas as estratégias parecem falhar, quando me sinto desarmada de calma e paciência e quando a situação exige um ponto final.
O gritar funciona muitas vezes para acabar uma “crise”, outras, admito, funcionam para libertar o descontrolo das minhas emoções e da minha frustração.
Não sou uma Mãe perfeita, não tenho filhos perfeitos, sou uma Mãe imperfeita que tenta melhorar dia após dia, tentando perceber como posso ser uma pessoa melhor e uma Mãe melhor que tem filhos maravilhosos mas que como qualquer criança desafiam limites.
Eu sei, eu sei que eu é que sou a adulta nesta relação de Mãe e Filhos, e bastou-me chegar ao dia em que a M. me gritou e eu gritei de volta a dizer que não me podia gritar, para mais uma vez perceber que há aqui qualquer coisa que a adulta está a fazer de errado - a Mãe, a Mãe está a errar, a Mãe que deveria ser capaz de gerir as suas próprias emoções!
Tenho na minha cabeça em modo repeat, que os filhos são o reflexo do que somos e não do que ensinamos, do que somos e não do que ensinamos, do que somos e não do que ensinamos, do que somos e não do que ensinamos, DO QUE SOMOS E NÃO DO QUE ENSINAMOS!
A família é a primeira experiência de socialização das crianças e os filhos são o reflexo do que somos e não do que ensinamos.
Ser Mãe não torna a mulher numa pessoa perfeita, livre de erros porque ninguém é imune a falhas e, intuitivamente, sei que não é de berros que se fazem as famílias, regra geral grito quando entro em modo desesperada, cansada, frustrada, irritada e não sei mais o que fazer (sim, às vezes também não sei o que fazer), é quando entro num tal descontrolo emocional, vindo logo atrás o arrependimento, a culpabilização que acaba por apertar este coração durante alguns momentos.
E sendo o coração de Mãe um coração tão grande às vezes também cabe lá dentro todo o ar de um grito!
♥️♥️♥️♥️