Sim, é uma daquelas casas em que é o canal Panda que reina.
Confesso que por vezes prefiro ficar indiferente ao que se passa no Mundo e há mesmo noticias que me recuso a ler.
Cansada de me sentir incomodada, de me sentir intrigada e tantas vezes incrédula.
Cansada de me sentir incomodada, de me sentir intrigada e tantas vezes incrédula.
Sinto o peso da responsabilidade no que toca à educação dos meus filhos que vivem nesta sociedade de intolerância religiosa, machista, homofóbica, misógina, selectiva, excludente e cruel.
E penso muitas vezes que simples atitudes do nosso quotidiano que se repetem, ainda que por vezes inconscientemente, fazem perpetuar esta realidade e estas mentalidades.
Está enraizado, é quase visceral… para mudar vai doer, vai mexer nas estruturas, vai virar coisas ao contrário, mudar mentalidades e formas de ser e estar.
Preocupo-me com os filhos que vou deixar neste mundo.
Quero deixar filhos que pensam pela própria cabeça, curiosos, livres, dispostos a lutar e a acabar com modelos e padrões, filhos que dão a cara, que levantam bandeiras, que dizem o que pensam, que se respeitam a si mesmo e aos outros, filhos que não se acomodam, filhos que não baixam os braços, que não põem as mãos nos bolsos, activos e volto a repetir, livres, essencialmente livres.
Quero deixar filhos que vão poder continuar a defender aquilo que querem e em que acreditam em prol de um mundo melhor.
Mas e se o mundo não estiver melhor?
Se não estiver melhor, eles vão estar ali, preparados para agir e enfrentar os obstáculos e não sentados à espera, a chorar, preocupados e a lamentar que vivem num mundo assustador e que não há maneira de o mudar.
Mas há maneira, a maneira são eles, e para serem eles, temos que ser nós que também temos que mudar.
Para mostrar aos meus filhos o que é o respeito, por mim, pelos outros e pelo mundo, não me vou rir de piadas sobre raça, sexo ou religião, não vou diminuir uma luta ou um ideal mesmo que não seja meu e mesmo que não concorde com ele, não vou incutir clubismos, vou desmistificar o preconceito, não vou incentivar a minha filha a que seja ela sozinha a cuidar dos filhos, da casa e do marido, não vou dizer ao V. que não pode vestir cor de rosa ou brincar com as bonecas da irmã, não vou dizer que a irmã por ser mulher é mais frágil do que ele….vou ensinar que cada pessoa tem o seu lugar no Mundo independentemente das suas escolhas.
Exercer maternidade é quase um acto político no sentido em que somos nós Pais que temos a responsabilidade de ajudar os filhos a descobrir o seu potencial, somos nós Pais que ajudamos os filhos na construção dos seus projecto de vida, somos nós Pais que os temos que ajudar a ser (bons) cidadãos no Mundo, somos nós Pais que os temos que ajudar a exercer a sua (boa) cidadania, somos nós Pais os responsáveis por aquilo que está para vir.
❤️❤️❤️❤️