No dia em que ele me casou... |
Arrisco a dizer que este talvez seja o post mais íntimo que já escrevi no blog, o que mais revela sobre mim e sobre o meu modo de estar na vida.
Sou filha, como se chama na gíria, de uma família não tradicional ou até, como por vezes ouvi, de uma família disfuncional.
Quando tinha 9 anos, os meus Pais divorciaram-se, não tenho uma única memória dos meus pais enquanto casal, um dar de mãos, um beijo nos lábios, dormirem juntos...
Quando se divorciaram fiquei com o meu Pai, isto há 27 anos atrás era qualquer coisa de diferente.
Entre eles combinaram que a casa seria para manter e que eram eles quem tinham de se "arranjar".
Passado talvez um ano o meu Pai sai e entra a minha Mãe, passado alguns anos o meu Pai termina uma relação de vários anos e também ele volta, ficamos os 3, entretanto sai a minha Mãe, volta, sai o meu Pai, volta, eu fico sempre, até que um dia ficamos os 3 outra vez, cada um deles com vida própria e relações amorosas independentes, cada um por si e os dois por mim.
Um dia sai eu de casa e eles ficaram, os dois, na independência dependente que os caracteriza.
Quando na escola contava o meu modo de vida havia que sem risse, havia quem não fizesse questões e havia ainda quem me questionasse sem fim, havia que achasse graça, quem entendesse e quem não entendesse.
Apesar deste modo de vida nem sempre ser bom também havia momentos em que não era mau, mas tenho em crer que também é assim nas famílias tradicionais.
E cresci assim, com pais separados juntos, com vidas separadas paralelas, com relações distantes próximas.
O meu pai casa hoje, vai casar com a M. e mais uma vez tudo é diferente do suposto tradicional, a M. tem menos 5 anos do que eu, a M. podia ser filha do meu Pai, não, a M. não é brasileira como tantas vezes me perguntam, a M. é também ela filha de uma família atípica ou disfuncional como há quem goste de assim chamar, a M. é uma mulher doce e meiga, cheia de bons princípios e valores, com uma dedicação e amor desmedido pelo meu Pai, não, também não é por dinheiro, nesta, para mim família, cada um vive do esforço do seu trabalho.
Mas esta não é a primeira vez que vivo isto, também a minha Mãe teve durante anos uma relação com uma pessoa muito mais nova do que ela, pelo que, já tenho um enorme estofo para as perguntas e respostas para as relações amorosas dos meus pais.
Hoje o meu pai vai casar e a minha Mãe é a sua madrinha de casamento.
E esta é a minha família atípica e disfuncional, sem dúvida atípica e disfuncional na forma como gostamos verdadeiramente um dos outros, na capacidade de aceitação, na cumplicidade, na amizade, no amor que nos une aos 3!
❤️❤️❤️❤️
ADORO! Isto é AMOR ! Que seja um dia muito feliz <3
ResponderEliminarQuerida Mia <3
Eliminare foi, foi um dia muito bonito :-)
bj
Conheço-te há tantos anos e nunca imaginei que quando tínhamos 16 anos a tua vida era assim... Andei contigo de mota para cima e para baixo e assisti à tua sempre elegância na forma de estar, educação na forma de ser, simplicidade na forma de existires e na humildade e para além da beleza e simpatia que espalhavas por onde passasses. Nenhuma família é igual à do lado, temos que ter a capacidade de aceitar a nossa como ela funciona, mesmo que na sua disfuncionalidade própria, única. Adorei ler (ler-te) neste post. És incrível. Um beijinho enorme de votos de felicidades para os três e para tudo o que todos os dias constroem todos, em família.
ResponderEliminarMinha querida Rita,
Eliminaraté me deixas envergonhada :-)
Obrigada por me leres e por me saberes ler.
Bj enorme
Uma história de amor linda! Adoro.
ResponderEliminarInês :-)
Eliminar<3
bj
Uma história de amor linda! Adoro.
ResponderEliminarAltamente!!!!
ResponderEliminarJessica,
Eliminar:-) :-) :-) :-)
bj <3
Altamente!!!!
ResponderEliminarFiquei tão contente, tão aliviada de ler isto. Vim de uma familia típica tradicional, um dia saí de casa feliz para formar a minha própria família. Mas as coisas, passados 2 anos, verifiquei que não eram como eu achava que iriam ser, aliás, a pessoa que eu achava que existia, de facto, não existe, e resolvi separar-me mas já tinhamos um filho que nos ama de paixão, além disso voltar pra casa dos meus pais estava fora de questão porque eles sempre foram pessoas complicadas e ainda hoje sou uma traumatizada por causa dos pais que tive, aliás quando pus a hipótese de voltar pra casa deles começaram logo a despachar-me a dizerem que a vida estava difícil e que lá nunca ia ter uma vida boa como aqui mantendo-me casada.
ResponderEliminarDecidi ficar, decidi ser honesta e dizer ao meu "marido" que o que existia acabou. Entretanto ele teve as suas "saídas" eu tive outras 2 relações, enfim... O nosso filho não percebe ainda que os pais são diferentes porque não dão beijinhos nem nada dessas coisas, mas vivemos bem, há sempre chatices mas até as famílias tradicionais as têm por isso não me sinto diferente dessas, mas sei que por agora somos felizes à nossa maneira, mesmo sendo uma familia atípica. Porque assim escolhemos viver e porque nem tudo o que é atípico é mau!
Obrigada pela tua partilha porque, no fundo, andei estes anos todos a remoer e a pensar "será que sou só eu que tem uma família assim?", afinal não, e ainda bem.
Que sejamos felizes, isso é o que mais importa!
Beijinho
www.blogasbolinhasamarelas.blogspot.pt
Ohhhh Márcia,
Eliminarque comentário tão bom de ler, és uma corajosa, uma lutadora <3
e aposto que não somos as únicas a ter familias assim ;-)
Um grande bj
Um bem haja às famílias disfuncionais e ao fim dos preconceitos
ResponderEliminarBailarina,
Eliminar<3
bj
Tão intimo e tão emocionante! Obrigada pela partilha <3
ResponderEliminarUAU !...
ResponderEliminarUma bela história de amor mas acima de tudo de uma entrega íntima muito grande.
Obrigada pela partilha !
bjinhos
BRUTALLLLLLL
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