Nada estava preparado.
Saiu de casa.
Aposto que deixou a cozinha desarrumada, sapatos espalhados e a cama por fazer.
Sei que estava a cantarolar naquele preciso momento.
Quando sem convite e em segundos deixou de estar fisicamente presente.
Nunca mais vai voltar a sua casa, com a cozinha desarrumada, sapatos espalhados e a cama por fazer.
Agora temos dentro das gavetas as lembranças, no ouvido a gargalhada, na memória os momentos vividos e no coração a eterna presença.
Se tivesse oportunidade de fazer uma última pergunta:
“O que queres que eu faça?”
- Cuida da tua Mãe, dancem, sejam felizes! - seria por certo a resposta.
Morrer é uma interrupção abrupta que nunca estaremos prontos para entender.
Morrer-nos uma amiga de toda a vida será por certo, qualquer coisa como perder um pulmão. Ao inicio tens dificuldade em respirar, aos poucos começas a conseguir respirar e passado algum tempo sorrir não te tira o fôlego, mas nunca mais consegues respirar fundo sem doer.
Da vida não podemos deixar marcas mas podemos deixar boas lembranças, alegria, amor, carinho, dedicação, histórias que os filhos, familiares e amigos contam enquanto sorriem.
Porque a morte também é uma lição para quem fica e faz de nós pessoas melhores.
Não deixes de amar, aproveita cada momento como se fosse o último, deixa boas impressões, aperta a mão do próximo, abraça, brinca, sorri, sorri muito mesmo, dança, desapega-te do que te faz mal, perdoa. O que fica da vida não é o ponto de partida, nem o ponto de chegada, mas sim o que construímos ao longo do nosso caminho.
Um até já minha querida Tia O.
Eu tomo conta da minha Mãe.
♥️♥️♥️♥️
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