20/09/2016

Da Minha Maternidade

maternidade    
ma.ter.ni.da.demɐtərniˈdad(ə)
nome feminino
1.            qualidade ou estado de mãe
2.            estado de gravidez; gestação
3.            relação afetiva entre mãe e filho(s)
4.            DIREITO vínculo jurídico que existe entre a mãe e o filho
5.            estabelecimento hospitalar, público ou privado, ou parte desse estabelecimento em que é feito o acompanhamento de mulheres grávidas e em trabalho de parto
6.            RELIGIÃO tratamento dado às religiosas que têm o título de madres


Quando conto que tenho um blog perguntam-me de imediato: Sobre quê?

Antes de responder faço questão de explicar que não sou blogger, conto a razão pela qual o blog nasceu e refiro que tenho a certeza que se a gravidez do V. tivesse sido “normal” este blog não existia, e acabo por responder: Ao contrário do que esperas este não é para mim um blog de maternidade! e concluo dizendo que este é sim, um blog sobre mim, sobre nós, para mim e para eles.

Lembro-me de no primeiro post deste blog a minha amiga I. ter comentado: “Matarei, por esta via, a minha sede da tua ciência tão valiosa e que sempre me apazigua o espirito no que respeita à L.. E irei, seguramente, deleitar-me com cada pedacinho da tua partilha!”

A realidade é que a minha ciência não é assim tão valiosa, assumir que isto é um blog de maternidade aliado à enorme responsabilidade estaria também uma ponta de pretensiosismo, pois a minha maternidade resulta de conhecimento empírico e não de horas de estudo ou leitura para que eu possa opinar sobre o que é melhor ou pior, porque isto da maternidade tem muito que se lhe diga, porque o que é para mim não é para ti, porque eu faço e tu não fazes, porque o que serve para mim pode não servir para ti, porque as minhas escolhas não são as tuas, mas basicamente, porque eu não sou a Mãe que tu és e eu não tenho os filhos que tu tens.

A minha maternidade é uma maternidade simples, não vivo obcecada com a opção pela amamentação em exclusivo ou pela opção pelo LA, não defende o uso de fraldas descartáveis ou fraldas orgânicas, não habita a polémica da pratica ou não pratica do co-slepping, a minha maternidade adapta-se às necessidades e gostos de cada filho.  

A minha Maternidade, não são só alegrias, mas não são só tristezas, não é um sentimento único e imutável, mas é indescritível, tento ser e fazer o melhor que consigo e não julgar os que fazem ou sentem diferente.

A minha maternidade não é o que se vê nos filmes, a minha maternidade todos os dias me esfrega na cara que tenho que continuar haja o que houver, porque isto não é um round trip ticket, e por isso às vezes dá medo mas também me estimula, e não, não é só amor, tento sempre aceitar as emoções e os sentimentos, sejam eles quais forem, sem negação, sem julgamento, sem culpa, assumindo que às vezes estou triste, cansada, tenho medo, sem nunca gostar menos deles por isso.

Na maternidade tende-se a ter medo de assumir outros sentimentos, porque a sociedade nos convenceu que na Maternidade só o amor pode existir sem dar lugar a outros sentimentos, mas não há nada de errado quando me irrito, estou cansada e sem paciência, não sou menos Mãe ou pior Mãe por isso. Não sou uma Mãe que está por trás de uma tela de cinema, eu falho, erro e fracasso, mas  pelo meio, tento, de forma serena, superar os erros e falhas, não com o objectivo da perfeição, mas com o mesmo objectivo da lagarta que vira borboleta, uma metamorfose materna sempre em busca do meu melhor.

A minha maternidade não é igual à tua, nem igual à de ninguém, aceito a minha, aceita a tua, sem procura de modelos ou padrões.

Assumir o que somos e como somos, até na maternidade. 

❤️❤️❤️❤️

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