Quem me segue no Facebook tentei
de alguma forma dar feed back que se passava qualquer coisa, quem me segue no
Blogue não deve estar a perceber esta ausência…
Abril, eu não te pedi para
passares a voar e para não me pregares partidas? Qual é que foi a parte que foi
em estrangeiro e não tens dicionário?
A ver se consigo explicar tudo de
forma sucinta (não vai ser vai fácil, vai ser lamechas, extenso, chato, mas
principalmente doloroso, aviso aos mais sensíveis e impacientes – façam já
close neste post)
Sábado – dia 26/04 – Acordo pelas
08:00/08:30 como todos os dias, vou tomar o pequeno-almoço – sopa – tem sido
perfeito para controlar os diabetes.
Ainda é cedo o A. sai com a M.
para irem à natação e deito-me mais um bocadinho. Passado uma hora levanto-me
novamente para fazer a medição dos diabetes, assim que me levanto, sinto uma
ligeira dor por toda a região lombar e pensei de imediato: Ai ai vai nascer,
foi logo o que me veio à cabeça. Dou uma voltinha por casa, não comento nada
com a minha mãe mas as dores aumentam cada vez mais. Sento-me na cama a dor
localiza-se apenas no rim do lado esquerdo e instala-se uma dor tão mas tão
forte que deixo de conseguir andar e praticamente falar, a única coisa que consegui dizer era ou ai ou ui...e bufar...MUITO.
Começa o stress, a minha mãe
percebe que não me mexo, pede ao A. para chamar uma ambulância (foi tão surreal
que deixo para outro post) como não há ambulância com grande dificuldade o A.
lá me enfia no carro e voamos para o hospital.
Na gravidez da M. tive uma cólica
renal e era tudo tão idêntico que eu própria fiz o diagnóstico à médica assim
que cheguei ao hospital, mas na crise que tive dela foi tudo muito simples, ao segundo dia de crise
tive a Petra J e
depois a Madalena, brincava eu com a situação.
As dores eram insuportáveis ao
ponto de ninguém me conseguir observar, a palavra de ordem da médica foi:
deitem esta grávida e dêem-lhe qualquer coisa para as dores, para tentarmos
perceber o que se passa, mas tudo indica que é uma cólica renal.
As dores, só aumentavam, e não
davam qualquer trégua como as contracções dão.
Eu sou pequena 1.62cm de gente
que no seu estado normal pesa 45 kgs, agora com 53 kgs, e com uma barriga de 32
semanas considerável face à minha estrutura física, imaginem contorcer-me com
dores, a vomitar de dores, a não suportar que falassem comigo quanto mais que
me tocassem – HORRÍVEL!
Ao fim da tarde parecia que estávamos
a ter uma trégua e pensaram que podia ir para casa, chegam os papéis da alta e
voltámos à estaca zero, alta retirada, internada até perceber o que se passa
realmente.
Domingo, 2ª, 3ª,4ª tudo na mesma,
dores insuportáveis sem parar, exames atrás de exames nos quais nunca se
conseguiu ver qualquer pedra, medicação atrás de medicação ao ponto de ter que
mudar todos os dias de cateter por as veias estarem no seu limite diário com
tanta administração de medicação e antibiótico, passamos por tudo, do
paracetamol à morfina praticamente a ser administrado de hora em hora, um sem
fim de médicos neste quarto de quase todas as especialidades possíveis, cada um
com a sua opinião, mas sempre tudo dentro do quadro da cólica renal e de uma infecção
que se desenvolveu em local que ainda se desconhece, até que se falou que o
melhor era o V. nascer 5ª feira dia 1, era desumano manter-me naquelas
condições.
Reunião geral de médicos, a chefe
de Neonatologia não concorda que o V. nasça de 33 semanas, apesar de já ter
feito corticoides para a maturação dos plumões, ainda é cedo e os riscos de
infecção respiratória existem.
Lavada em lágrimas, face ao
cansaço extremo e sem dormir há muitos dias, concordo com a decisão e digo que
prefiro sofrer do que o V. nascer prematuramente e correr o mínimo risco que
fosse.
Ontem pelo meio dia e após 144
horas - 6 dias - de dores de morte, daquelas mesmo de trepar paredes, puxar cabelos,
morder as mãos, um médico entra no meu quarto e diz: ligue ao seu marido que às
14:30 vai ser operada.
Já se tinha falado nessa
possibilidade embora o corpo clinico do hospital estivesse em contradição
relativamente a esta opção, mas já ninguém sabia o que me dizer, o que me fazer
e cada vez que entravam neste quarto tinham DÓ, IMPOTÊNCIA, PENA, escrito na
testa e a vermelho.
Não havia qualquer risco nem para
mim nem para o V. com a realização da operação, o único senão era não resultar
e eu ter que estar mais uma semana com dores fazer as 34 semanas e ai sim o V.
nascer.
Estava tão abananada que ok tudo
bem vamos a isto, confesso que nunca tive muito medo, estive sempre muito
apreensiva mas medo não tive.
A cirurgia seria com epidural,
ainda pedi que me pusessem a dormir, mas era imperativo que estivesse sempre
acordada caso alguma coisa corresse mal e o V. ter que nascer.
A meio da operação perguntei ao
médico, já a viu? (A pedra) Não! Responde ele.
Basicamente o que foi feito foi
colocar um cateter no rim de forma a desobstruir o canal e os fluxos
conseguirem correr novamente.
No final, não se encontrou e até
ver qualquer perda, há quem tenha orelhas pequenas, nariz comprido, testa alta,
eu tenho um útero aos zigue zagues que também pode ter sido o causador de toda
a pressão que o rim estava a sofrer e até pode mesmo nem haver qualquer cálculo
renal.
Agora até ver tenho o baby V. e
um rabinho de porco (como carinhosamente lhe chama o Dr.) rabinho de porco
santo que fez com que todas as dores desaparecessem e espero que assim se
mantenha até ele querer nascer, o rabinho de porco não me traz a sensação mais
agradável e confortável do mundo, mas não são dores.
Rabinho de Porco |
Entretanto os valores da tal
infecção que não se sabe de onde vem baixaram hoje ligeiramente mas enquanto os
valores não estiverem aceitáveis por cá permaneço.
Faço parte da mobília como dizem
os médicos, enfermeiros e auxiliares, todos sabem o meu nome e sou tratada nas
palminhas por todos, até a médica dos diabetes e o pediatra da minha filha ao
saberem que estou cá me vieram visitar, é tão bom sentirmos que somos queridos.
Resumindo, e quem já foi mãe
imaginem-se 6 dias em trabalho de parto sem epidural e sem tréguas das contrações,
foi basicamente isto, um desespero, os piores dias da minha vida que não desejo
nem à pior pessoa do mundo.
Ao meu A. um agradecimento do
tamanho do mundo, que coitadinho sei que sofreu muito por não poder fazer nada para
me ajudar, foi literalmente um pau mandado das minhas dores, agora levanta-me,
agora segura-me, agora dá-me a mão, agora não me toques, agora cala-te que não
posso ouvir nada….agora agora agora….mas sempre ao meu lado.
À minha Mãe um obrigada do
coração por saber que trata a minha M. como ninguém e que me deixa tão
descansada e que fica privada de ver a filha para ficar com neta que sabe que
gosto tanto e tanto descanso me dá.
Ao meu Pai um obrigada pelos
mimos e por me enxugar as lágrimas sabendo eu o quanto ele não suporta ver-me
chorar.
Um obrigada enorme a todos pelas
visitas, telefonemas e msgs de força e alento que fui conseguido ler e não fui
conseguindo responder.
Não sou muito maricas, não sou de
me queixar, não sou exagerada, quem me conhece sabe bem, acho que sou até uma
pessoa bem terra à terra e sempre com a máxima que o que tem que ser tem que ser feito e para a frente é que o caminho, mas eu já não merecia, a sério que não L desculpem o
testamento, e juro que vos poupei-me a pormenores e outras situações J
O que merecia era isto, aos
quilos, aos montes, cheinhos de canela, podem mandar vir aqui para o hospital
que eu agradeço J
♡♡♡♡
Ainda bem que tudo já passou. Maio só pode correr melhor:)beijinho
ResponderEliminar<3 Um bj Obrigada :-)
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