02/05/2014

Eu, o V. e o Rabinho de Porco!

Quem me segue no Facebook tentei de alguma forma dar feed back que se passava qualquer coisa, quem me segue no Blogue não deve estar a perceber esta ausência…

Abril, eu não te pedi para passares a voar e para não me pregares partidas? Qual é que foi a parte que foi em estrangeiro e não tens dicionário?

A ver se consigo explicar tudo de forma sucinta (não vai ser vai fácil, vai ser lamechas, extenso, chato, mas principalmente doloroso, aviso aos mais sensíveis e impacientes – façam já close neste post)

Sábado – dia 26/04 – Acordo pelas 08:00/08:30 como todos os dias, vou tomar o pequeno-almoço – sopa – tem sido perfeito para controlar os diabetes.

Ainda é cedo o A. sai com a M. para irem à natação e deito-me mais um bocadinho. Passado uma hora levanto-me novamente para fazer a medição dos diabetes, assim que me levanto, sinto uma ligeira dor por toda a região lombar e pensei de imediato: Ai ai vai nascer, foi logo o que me veio à cabeça. Dou uma voltinha por casa, não comento nada com a minha mãe mas as dores aumentam cada vez mais. Sento-me na cama a dor localiza-se apenas no rim do lado esquerdo e instala-se uma dor tão mas tão forte que deixo de conseguir andar e praticamente falar, a única coisa que consegui dizer era ou ai ou ui...e bufar...MUITO.

Começa o stress, a minha mãe percebe que não me mexo, pede ao A. para chamar uma ambulância (foi tão surreal que deixo para outro post) como não há ambulância com grande dificuldade o A. lá me enfia no carro e voamos para o hospital.

Na gravidez da M. tive uma cólica renal e era tudo tão idêntico que eu própria fiz o diagnóstico à médica assim que cheguei ao hospital, mas na crise que tive dela foi tudo muito simples, ao segundo dia de crise tive a Petra J e depois a Madalena, brincava eu com a situação.

As dores eram insuportáveis ao ponto de ninguém me conseguir observar, a palavra de ordem da médica foi: deitem esta grávida e dêem-lhe qualquer coisa para as dores, para tentarmos perceber o que se passa, mas tudo indica que é uma cólica renal.

As dores, só aumentavam, e não davam qualquer trégua como as contracções dão.

Eu sou pequena 1.62cm de gente que no seu estado normal pesa 45 kgs, agora com 53 kgs, e com uma barriga de 32 semanas considerável face à minha estrutura física, imaginem contorcer-me com dores, a vomitar de dores, a não suportar que falassem comigo quanto mais que me tocassem – HORRÍVEL!

Ao fim da tarde parecia que estávamos a ter uma trégua e pensaram que podia ir para casa, chegam os papéis da alta e voltámos à estaca zero, alta retirada, internada até perceber o que se passa realmente.

Domingo, 2ª, 3ª,4ª tudo na mesma, dores insuportáveis sem parar, exames atrás de exames nos quais nunca se conseguiu ver qualquer pedra, medicação atrás de medicação ao ponto de ter que mudar todos os dias de cateter por as veias estarem no seu limite diário com tanta administração de medicação e antibiótico, passamos por tudo, do paracetamol à morfina praticamente a ser administrado de hora em hora, um sem fim de médicos neste quarto de quase todas as especialidades possíveis, cada um com a sua opinião, mas sempre tudo dentro do quadro da cólica renal e de uma infecção que se desenvolveu em local que ainda se desconhece, até que se falou que o melhor era o V. nascer 5ª feira dia 1, era desumano manter-me naquelas condições.

Reunião geral de médicos, a chefe de Neonatologia não concorda que o V. nasça de 33 semanas, apesar de já ter feito corticoides para a maturação dos plumões, ainda é cedo e os riscos de infecção respiratória existem.

Lavada em lágrimas, face ao cansaço extremo e sem dormir há muitos dias, concordo com a decisão e digo que prefiro sofrer do que o V. nascer prematuramente e correr o mínimo risco que fosse.

Ontem pelo meio dia e após 144 horas - 6 dias - de dores de morte, daquelas mesmo de trepar paredes, puxar cabelos, morder as mãos, um médico entra no meu quarto e diz: ligue ao seu marido que às 14:30 vai ser operada.

Já se tinha falado nessa possibilidade embora o corpo clinico do hospital estivesse em contradição relativamente a esta opção, mas já ninguém sabia o que me dizer, o que me fazer e cada vez que entravam neste quarto tinham DÓ, IMPOTÊNCIA, PENA, escrito na testa e a vermelho.

Não havia qualquer risco nem para mim nem para o V. com a realização da operação, o único senão era não resultar e eu ter que estar mais uma semana com dores fazer as 34 semanas e ai sim o V. nascer.

Estava tão abananada que ok tudo bem vamos a isto, confesso que nunca tive muito medo, estive sempre muito apreensiva mas medo não tive.

A cirurgia seria com epidural, ainda pedi que me pusessem a dormir, mas era imperativo que estivesse sempre acordada caso alguma coisa corresse mal e o V. ter que nascer.

A meio da operação perguntei ao médico, já a viu? (A pedra) Não! Responde ele.

Basicamente o que foi feito foi colocar um cateter no rim de forma a desobstruir o canal e os fluxos conseguirem correr novamente.

No final, não se encontrou e até ver qualquer perda, há quem tenha orelhas pequenas, nariz comprido, testa alta, eu tenho um útero aos zigue zagues que também pode ter sido o causador de toda a pressão que o rim estava a sofrer e até pode mesmo nem haver qualquer cálculo renal.

Agora até ver tenho o baby V. e um rabinho de porco (como carinhosamente lhe chama o Dr.) rabinho de porco santo que fez com que todas as dores desaparecessem e espero que assim se mantenha até ele querer nascer, o rabinho de porco não me traz a sensação mais agradável e confortável do mundo, mas não são dores.

Rabinho de Porco


Entretanto os valores da tal infecção que não se sabe de onde vem baixaram hoje ligeiramente mas enquanto os valores não estiverem aceitáveis por cá permaneço.

Faço parte da mobília como dizem os médicos, enfermeiros e auxiliares, todos sabem o meu nome e sou tratada nas palminhas por todos, até a médica dos diabetes e o pediatra da minha filha ao saberem que estou cá me vieram visitar, é tão bom sentirmos que somos queridos.

Resumindo, e quem já foi mãe imaginem-se 6 dias em trabalho de parto sem epidural e sem tréguas das contrações, foi basicamente isto, um desespero, os piores dias da minha vida que não desejo nem à pior pessoa do mundo.

Ao meu A. um agradecimento do tamanho do mundo, que coitadinho sei que sofreu muito por não poder fazer nada para me ajudar, foi literalmente um pau mandado das minhas dores, agora levanta-me, agora segura-me, agora dá-me a mão, agora não me toques, agora cala-te que não posso ouvir nada….agora agora agora….mas sempre ao meu lado.

À minha Mãe um obrigada do coração por saber que trata a minha M. como ninguém e que me deixa tão descansada e que fica privada de ver a filha para ficar com neta que sabe que gosto tanto e tanto descanso me dá.

Ao meu Pai um obrigada pelos mimos e por me enxugar as lágrimas sabendo eu o quanto ele não suporta ver-me chorar.

Um obrigada enorme a todos pelas visitas, telefonemas e msgs de força e alento que fui conseguido ler e não fui conseguindo responder.

Não sou muito maricas, não sou de me queixar, não sou exagerada, quem me conhece sabe bem, acho que sou até uma pessoa bem terra à terra e sempre com a máxima que o que tem que ser tem que ser feito e para a frente é que o caminho, mas eu já não merecia, a sério que não L desculpem o testamento, e juro que vos poupei-me a pormenores e outras situações J

O que merecia era isto, aos quilos, aos montes, cheinhos de canela, podem mandar vir aqui para o hospital que eu agradeço J






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