13/11/2014

O poder do exemplo


A M. ainda gosta de comer com as mãos, segura na colher ou no garfo com a mão direita e sabe para o que serve mas é com a mão esquerda que prefere levar os alimentos sólidos à boca enquanto o garfo ou a colher batem na mesa em jeito de batuque.

Às vezes fico a tomar atenção e vejo que ela bem tenta, mas ou não consegue pôr a comida no talher ou a comida cai pelo caminho até à boca e ela entretanto perde a paciência para todo este processo e opta pelo caminho mais fácil.

Às vezes o cansaço trama-me e traz ao de cima o que tenho de menos bom, ontem foi a falta de paciência a falar literalmente mais alto, ontem falei alto com ela ao jantar, talvez até tenha mesmo gritado com ela que comesse com o garfo e que parasse de mexer no cabelo e na roupa com as mãos sujas de comida.

O A. disse-me: "Não grites, não fales alto, depois não te admires se daqui a um tempo ela também gritar".

As palavras dele ficaram a ecoar na minha cabeça, rapidamente lembrei-me quando ela anda em casa com os meus sapatos, quando quer por os meus brincos ou batom ou passear com a minha mala ao ombro, e não, não são só coisas de menina, são exemplos de acções diárias que ela vê e que quer imitar até porque nunca lhe ensinei ou mostrei com propósito como se anda de saltos altos, onde se põem os brincos ou o batom e que a mala se leva ao ombro, ela simplesmente observou e assimilou. 

A M. apesar dos seus recentes 2 anos já tem vontade própria, mas a realidade é que muitas vezes ela repete instintivamente as nossas atitudes, às vezes atitudes que para nós são automáticas e que nem nos damos conta se são um bom ou um mau exemplo e da possibilidade de ela as reter.

Percebi que a educação passa muito mais pela observação do que pelas ordens que lhes damos, como posso eu obriga-los a comer a sopa se eu não como?

Deitei-me a pensar nesta imensa responsabilidade dos pais servirem de exemplo a alguém que está em formação, a alguém que está em processo de aprendizagem, a pensar que cada gesto, cada acção, cada palavra minha está em constante e atenta observação.

A ver:

Vou tentar ser mais calma, ser mais ponderada, ser mais paciente, tentar que eles sejam muito melhores do que eu!

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